Vontade de beijo na boca
Vontade de dançar
Que tudo se ajeite na boa
Dois pra lá, dois pra cá
Vontade de ouvir um blues
Vontade de me jogar
Que tudo se transforme em luz
Invada todo o lugar
Como se fosse semente
Pra germinar e morrer
É como a gente se sente
Como querer e não ter
Vontade de me aprumar
De ler, depois esquecer
Sem medo de te encarar
Virar pedra pra então derreter
No meio da Terra
Lava
No meio da multidão
No seio da mulher
amada
No amargo de outra
nova paixão
No centro da mola, vida
No canto da solidão
Em cada esquina
perdida
Em cada sotão, porão
Vontade de ser precipício
Vontade de tudo mudar
O meio, o fim e o início
A lágrima ao olho voltar
Vontade de ser mais
Vontade de te ligar
A curva que o vento hoje faz
Amanhã pode mudar
Como se fosse possível
Ignorar os sinais
De um outro mundo invisível
E o que tem lá tanto faz
Vontade de me entregar
fazer, depois merecer
Sem medo de te encarar
Virar pedra pra então derreter