Ando pelas ruas sem mais ter onde chegar,
o meu corpo esqueceu,
minha mente no silêncio.
Já não são mais os versos me fazendo levitar,
os cometas escaldantes
as estrelas fumegantes
ofuscando meu olhar.
E disseram que já vinha e esperei o ano todo.
E disseram que já vinha, mas você mentiu de novo.
Os minutos viram horas, as horas têm meu passado.
Um eterno carrossel.
E eu aqui inebriado
vou tentando ser talhado,
uma luta interminável:
a madeira e o cinzel.
O rebanho segue adiante e o destino é mergulhar
do alto da roda-gigante,
sinto pena dos que como eu só pensam em chegar.
E pensei em quase todos, só não penso em voltar.
Com o olho no futuro e o calcanhar no muro
não saí do meu lugar.
Os pedidos atormentam, minhas preces se distendem,
um eterno vai e vem.
Vejo o mundo delirar numa febre que aferrece
são os olhos de meu pai
que partiu numa canoa e sei o peso que ela tem.
Segurando a sua mão,
e de joelhos no chão
eu fui muito mais além.
Sem tomar conhecimento
do infinito e do tempo
ouço nãos e tudo bem.
Tudo bem!