Dessas matas sem o verde,
de uma vida só metade,
folhas pardas, coriáceas,
onde o tempo já parou.
O grão, a semente e o ventre
a terra seca e o vazio.
Carne, homem podre e pobre,
curvas costas
curvo o rio.
Curvatura
turva curva:
vida.
Viva a América Latina!
Tens o anel de Zapata
o amor de teu filho do norte.
E das tribos massacradas
contemplando a sua sorte.
Esperança e aqui se espera
que não venha do mesmo lugar:
o mar.
Do alto da Cordilheira do Andes,
do Canal do Panamá os anjos gritando.
É a terra que chama e chora.
Do planalto central do Brasil, o sangue
e da Terra do Fogo o frio, pulsando.
É a terra que chama e chora
os seus filhos a terra reclamam,
um pedaço de terra na Terra.
Viva a América Latina!