CASA DE PEDRA


Madrugada.

Dirijo-me à casa de pedra
lá se encontra tudo o que sou.


Busco um sonho em forma geométrica
e o que o vento me traz são círculos.
Dilaceram meu corpo e meus espinhos.


Sento-me ereto.
Penso.
Sinto.


Aprendo com estrelas a arte do silêncio
a humildade de brilhar calado.
E sinto-me honrado por ter tanto a aprender.


Suspendo-me.
O vácuo.


Lentamente se instala um vazio


Por um segundo assumo a forma de um vaso.
Aprendo com o nada a arte de permanecer imóvel,
a sabedoria de não existir.


Ouço.
Calo.


Dentro, todo os fogos que não posso apagar.
Fora, os frios que não deixam de chegar.


Outros setembros virão.


Coloco a mão sobre o peito
e me debruço sobre a casa de pedra.


Uma promessa no pensamento:


Fui.


Sou.

2 comentários:

Moringa disse...

Bonito! Parabéns.

Beijão.

Juliana Camargo

Camila disse...

Nossa...não tenho nem o que comentar agora...